sexta-feira, 30 de maio de 2008

Parabéns

Olá amiguinhos, vim dar os parabéns para um cara que nem me conhece, mas que eu admiro bastante, o grande Deus do futebol mundial, Steven Gerrard. Hoje ele completa 28 anos de paixão e devoção ao Liverpool, um exemplo de jogador que joga pelo seu time do coração, que nunca sairá de lá.

Se alguém souber onde acho a biografia dele para comprar, me diga por favor, aqui vai um pequeno trecho...

AMOR AO CLUBE - Gerrard e Hillsborough
Trecho da autobiografia de Steven George Gerrard

"Toda vez que dirijo para Anfield, eu diminuo a velocidade enquanto passo pelo Shankly Gates, meus olhos se voltam para o Memorial Hillsborough. Eu vejo os tributos para os 96 torcedores do Liverpool que nunca retornaram daquela semifinal da FA Cup em 1989. Eu vejo os cachecóis deixados pelos fãs que visitam, sinais do respeito que jazem ao redor do monumento, pelas famílias cujas lágrimas nunca secarão. Eu vejo a chama que queima sempre, lembrando ao mundo que aqueles 96 nunca, nunca serão esquecidos.

Ao que meu carro passa pelo Memorial, eu olho para os nomes daqueles que caíram no Leppings Lane End, e que nunca levantarão de novo. Meus olhos param em um nome. Jon-Paul Gilhooley, dez anos, o mais novo daqueles que nunca voltaram pra casa de Sheffield. Um fã que morreu seguindo o time que amou. Um garoto cuja vida foi tirada apenas quando estava começando. Esmagado até morrer numa arquibancada que não servia para seres humanos. Eu conhecia Jon-Paul, ele era meu primo. Um arrepio corre pela minha espinha. Eu faço o sinal da cruz e dirijo.

Eu estaciono o carro e entro em Anfield ainda pensando em Jon-Paul, seus pais, e quão sortudo eu sou. Eu estava com quase 9 quando Hillsborough levou Jon-Paul de nós. Nós éramos separados por um ano e uns meses na idade, mas unidos na paixão pelo futebol. Jon-Paul adorava o Liverpool com o mesmo fervor que me preenche toda vez que eu boto aquela camisa vermelha. Nós éramos tão parecidos. Mesmo lado de Merseyside, mesmos interesses. Jon-Paul se juntou aos peladeiros da minha rua em Huyton, nas redondezas de Liverpool, usando orgulhosamente sua camisa do Liverpool. O clube significava o mundo para Jon-Paul.

Como aconteceu com todas as pessoas em Merseyside, sábado, 15 de abril de 1989 está para sempre marcado em minha mente. Liverpool FC era uma religião na casa em que cresci. Então, no momento em que nós ouvimos que algo tinha acontecido no jogo, nós rapidamente nos juntamos ao redor da tv para ver as notícias. Eu e meu pai Paul, minha mãe Julie e meu irmão Paul nos sentamos lá, estarrecidos, sem acreditar nas imagens. Nós ouvimos, tremendo, aos detalhes horríveis que emergiam. Eu não podia suportar, o terror abrupto de Hillsborough. Nenhum de nós poderia compreender a carnificina. Por quê? Como? Quem? Tantas questões. A atmosfera estava ruim em nossa casa aquela noite, muito ruim. Cada um de nós continuou repetindo a mesma ansiedade: “eu espero que ninguém que eu conheço tenha ido ao jogo. Deus, por favor, deixe que não tenha ninguém”. Eventualmente, eu fui para cama. Subi as escadas e me joguei na cama, esperando dormir para expulsar meus pensamentos. Sem chance. As imagens de Hillsborough me mantiveram acordado. Finalmente, de madrugada, eu caí num sono difícil.

Às 8h30 da manhã seguinte, estavam batendo na porta. Eu desci correndo as escadas e destranquei a porta. Meu avô Tonny estava lá. Sem uma palavra, ele entrou na sala da frente. O resto da família começou a se agitar, e logo estávamos todos nós na sala da frente esperando vovô falar. Todos nós sabíamos que algo estava errado. Vovô vive depois da estrada e não é o tipo que sai de casa às 8h30 da manhã num domingo. “Nossa família não escapou de Hillsborough”, nós pensamos. O semblante de vovô nos contava que algo terrível tinha ocorrido.

“Eu tenho más notícias”, ele disse. “Jon-Paul está morto”. Choro, raiva e confusao pegaram todos nós. Nós não sabíamos que Jon-Paul estava no jogo. Nós íamos a Anfield o tempo todo, mas uma final de FA Cup era especial. Vovô explicou. A mãe de Jon-Paul, Jackie, conseguiu de alguma forma um ingresso. Ela sabia o quanto importava pra Jon-Paul ver seus heróis em um jogo tão importante. Era lá em Sheffield, apenas algumas milhas de distância daqui. E ele queria muito ir. Um amigo da família levou Jon-Paul. Eles saíram de Liverpool naquela manhã de sábado, vibrando de excitação, mas Jon-Paul nunca retornou. Nunca retornou do jogo. Aquelas palavras vão me perseguir para sempre.

O funesto processo do “post-mortem” significou que o funeral de Jon-Paul foi um bom tempo depois de Hillsborough. Eu não fui ao funeral por causa da escola. Bem, isso foi a razão que me deram. Na verdade, meu pai não me queria no funeral. Meus pais queriam me proteger. Eu era apenas uma criança, com dificuldade para entender que meu primo morreu torcendo pelo time que nós dois adoramos.

Eu tinha acabado de começar no Liverpool’s Centre of Excellence e os treinos foram cancelados por um tempo depois de Hillsborough. Quando finalmente nós voltamos, eu podia dizer pelo semblante chocado dos técnicos que esse era um desastre que afetou todo o clube e toda a cidade. Hillsborough foi o assunto da minha família por meses. Mesmo agora, 17 anos depois, nós ainda tocamos no assunto que permanece cru e dolorido."

Sem mais, até breve.

Nenhum comentário: